segunda-feira, 21 de março de 2011

Entrevista - Movimento Humanista

Entrevista com a jornalista e ativista Paula Batista, que explica detalhes sobre o Movimento Humanista.


O Movimento Humanista (MH) impõem regras para as pessoas se aderirem ao movimento?
Paula Batista: O Movimento Humanista teve seu início na Argentina, na década de 60. Ele tem base no novo-humanismo, que leva em conta, como princípios básicos: a não-violência, a não discriminação e o ser humano como valor central. O MH se expandiu e hoje conta com mais de 3 milhões de ativistas, no mundo todo, estando em mais de 300 países, em todos os continentes. As pessoas que aderem ao movimento não têm nenhuma regra a cumprir. Não assinam nenhum papel, e não é um trabalho voluntariado. É ativismo. É participar por querer e acreditar numa mudança pessoal e social, que visa nos fazer "crescer" como seres humanos. A única questão que colocamos, sempre, é a nossa "regra de ouro" que é: trate o outro como gostaria de ser tratado. É isso que buscamos, desde o começo, e é isso que move nossas ações. Nos tornarmos melhores e ajudar a outros a também participarem desse processo.

O que visa o MH?
Paula: O MH visa uma mudança pessoal e social. Nos tornarmos pessoas melhores, e melhorando também, o ambiente onde vivemos. Por isso atuamos em diversas áreas, onde nos propomos a ajudar com aquilo que gostamos de fazer. Procuramos reunir pessoas, fazer com que interaja, que conversem, que vejam o que a sua realidade precisa, e mostramos que juntos podemos mudar isso. Que é uma mudança possível, e que essa mudança pode ser constante, buscando sempre o bem estar de si mesmo e dos outros. É compatível uma melhora na qualidade de vida própria, ao mesmo tempo em que se ajudam outros a terem essa melhora, também.

Existem várias frentes de ação, uma delas é o AJA. Poderia explicar como essa frente atua na sociedade e falar sobre as frentes de Ação de modo geral?
Paula: No Movimento Humanista atuamos em várias Frentes de Ação, no mundo todo. Elas têm a proposta de ajudar as pessoas a resolverem conflitos pontuais. Aqui no Brasil, atuamos fortemente na área de educação, com Frentes Estudantis e Universitárias que ajudam a resolver questões educacionais e com uma campanha para a não-violência. Daí temos, Frentes de Ação nos Bairros e Comunidades, para que possamos estar vivenciando um pouco do dia-a-dia das pessoas para podê-las ajudar a reclamar seus direitos. Temos atividades na área Cultural, Saúde, Capacitação Política, Mídia e Comunicação, como a AJA - Academia de Jornalismo Ativista, que visa reunir estudantes, profissionais, e as pessoas que gostam de escrever e comunicação, para que façam um trabalho mais voltado para o social, tendo em conta o ser humano, suas necessidades e que isso facilite o acesso das comunidades à comunicação, de uma maneira bem direta. Agora, estamos com uma proposta de ação na linha "Educação para a Mídia", para as escolas públicas.

Como é feita pelo MH a divulgação de seus projetos, sua função, objetivos e as frentes?
Paula: No MH divulgamos de várias formas. Seja pelo boca-a-boca, seja pela internet e as listas de conversas que criamos, por sites, revistas que o MH prepara com participação aberta da comunidade, enfim. Mas temos também atividades de divulgação nas ruas, o que chamamos de Operativos, quando vamos para ruas, parques, praças e vamos conversar com as pessoas e assim divulgamos nossas atividades, principalmente porque as pessoas aqui, não têm o costume de escutar e parar nas ruas, sempre fazemos essas intervenções de maneira bem criativa e com uma proposta cultural, assim as pessoas se aproximam sem medo.

Essa divulgação gera o alcance esperado?
Paula: Sim. O MH não tem como proposta números. De nenhuma forma. Como a nossa proposta está em ajudar as pessoas a superarem a dor e o sofrimento humano, buscamos pessoas que estejam abertas à isso. De nada adianta a pessoa querer mudar o mundo, se ela acredita que é uma pessoa perfeita, que não precisa mudar, também. Por isso nossa divulgação sempre atinge as pessoas certas, no momento certo. Não somos uma entidade que precisa de "publicidade", não buscamos números, buscamos pessoas, lidamos com pessoas, com seres humanos, e sempre o momento certo, aparece.

Como o movimento encontra subsídios para se manter? Recebe alguma ajuda?
Paula: O MH é um movimento auto-financiável, ou seja, não recebe apoio financeiro de nenhum lugar. Aliás, é contra nossa proposta, e o MH se sustenta dessa forma desde o seu início, há mais de trinta anos. Nós, os ativistas, sempre ajudam de maneira voluntária, se queremos. Não aceitamos dinheiro de multinacionais, políticos, bancos, ou grandes empresas. É assim que mantemos nossa liberdade de atuação e ativismo. O que fazemos são campanhas para ajudar a desenvolver os pequenos comerciantes dos bairros, onde atuamos, e aí sempre nos ajudam na publicação dos nossos informativos e revistas, apoiando com um anúncio bem barato, que custeiam as impressões. Mas isso é feito de maneira, também, voluntária. Tudo é a partir de uma motivação e vontade própria. E assim nos mantemos. Mantemos nossas divulgações, nossas atividades aqui e no mundo.

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